Meninas sozinhas: somente fêmeas nascem de ovos de tartarugas marinhas devido ao aquecimento

A descoberta, feita por um grupo internacional de pesquisadores no território da Grande Barreira de Corais, revelou outra vítima do aquecimento global. Trata-se de uma tartaruga verde (Chelonia mydas), em uma população da qual após 20 anos não haverá um único macho e que, muito provavelmente, morrerá se não houver mudanças positivas no planeta.

O fato é que o sexo da prole futura em alguns répteis depende da temperatura ambiente em que os embriões se desenvolvem. Esse fenômeno é chamado de determinação da temperatura do sexo. Entende-se por desenvolvimento das características sexuais do futuro organismo sob a influência de uma certa temperatura. Características semelhantes são características de todos os jacarés e crocodilos, a maioria das tartarugas marinhas e terrestres, bem como de alguns lagartos.

Resumidamente, esse processo é o seguinte. A fêmea põe ovos na praia, enterrando-os no solo ou na areia. No embrião, ambos os hormônios sexuais masculinos (andrógenos) e femininos (estrógenos) estão inicialmente presentes. A enzima especial P450 aromatase, que também está presente no corpo do embrião, é capaz de converter androgênio em estrogênio, e sua atividade depende diretamente da temperatura ambiente. Cada espécie de réptil tem sua própria faixa de temperatura estreita na qual essas transformações ocorrem ou não.

As tartarugas marinhas verdes, que vivem na parte norte da Grande Barreira de Corais, na costa da Austrália, encontraram efeitos perturbadores da exposição a temperaturas muito altas na região. Entre os jovens capazes de procriar, os machos são apenas 0,2%, e o restante são fêmeas. Entre os filhotes recém-nascidos, a situação é aproximadamente a mesma: 99,1% são do sexo feminino. Somente a geração adulta tem uma proporção sexual um pouco mais otimista: 13,2% dos homens neste grupo.

Estudos em larga escala foram realizados pela filial australiana do World Wide Fund for Nature em colaboração com cientistas americanos. Tal situação, segundo especialistas, levará ao fato de que, após 20 anos, a população dessas tartarugas na parte norte da Grande Barreira de Corais, com cerca de 200.000 indivíduos, será constituída exclusivamente por fêmeas.

Acontece que alguns répteis, como nenhum outro, dependem da temperatura ambiente. O menor desvio de temperatura da norma durante o período de incubação leva ao aparecimento de filhos do mesmo sexo. Com base nisso, são baseadas suposições interessantes sobre a extinção de dinossauros feitas por Ferguson e Joanen (Ferguson, Joanen, 1982). Os biólogos sugeriram que uma dependência semelhante poderia existir nos dinossauros, que desapareceram tão rápida e massivamente da face da Terra. Para a morte de um grupo tão extenso de répteis, segundo os biólogos, provavelmente, não era necessário um cataclismo global, apenas uma simples mudança na temperatura do ar em vários graus era suficiente. Assim, em um curto período de tempo, uma população do mesmo sexo poderia ser formada, incapaz de reprodução e sobrevivência adicionais.

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